segunda-feira, 17 de junho de 2013

“Honestamente, tem dias que gostaria que acabasse”, diz Ringo Starr sobre o interesse infinito nos Beatles

Ringo Starr se reuniu ao passado nesta semana quando foi apresentado à exposição Ringo: Peace & Love, uma mostra vívida de artefatos da vida e da carreira dele, aberta ao público nesta quarta, 12, no Museu do Grammy, em Los Angeles. Lá está exposta a coleção pessoal de Ringo de memorabilia, de fotos de infância ao paletó rosa de cetim que ele usou na capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, e baterias, desde a que ele usou no The Ed Sullivan Show, nos anos 60, até a atual, que ele toca na All-Starr Band. Há cartas da era pré-Beatles e uma pequena pintura de George Harrison celebrando o aniversário de Starr em 1974. “Estava em diferentes lugares do mundo e nós juntamos tudo”, Starr disse durante uma entrevista coletiva de imprensa no local. Robert Santelli, diretor executivo do Museu do Grammy, chamou Starr de “o baterista mais significante da história do rock and roll”. Os efeitos da beatlemania podem ser vistos em um antigo adesivo no qual se lê “Ringo for President”. Está lá também o paletó preto de veludo que ele usou no filme/show The Last Waltz, da The Band, além de uma cabine para que o público possa cantar “Yellow Submarine” e baterias que podem ser usadas, enquanto é exibido um vídeo de Ringo Starr dando aulas do instrumento. Antes da coletiva, Starr falou à Rolling Stone sobre a exposição, a próxima turnê com a All Starr Band (que passa pelo Brasil em outubro) e os planos para um novo disco. Há algo na exposição que você valoriza mais? A bateria, na verdade. Não porque é a bateria que usei no Ed Sullivan, mas porque era a bateria que eu amava. É sempre a bateria. Provavelmente a maior coisa lá é o paletó do Sgt. Pepper. Ele parece novo. Bem, eu não o vesti ultimamente. Só visto em casa. Você parece ter cuidado muito bem de todas essas coisas. Eu não cuidei de todas elas. Fiquei chocado que tinha tudo isso. Estava em porões, em armazéns. Tudo foi colocado em lugares seguros por dois dos meus assistentes durante anos na Inglaterra. Eu gostaria de dizer que fui eu, mas não, eu fui bem descuidado. Mas nós achamos, o que foi ótimo. Temos que agradecer à minha mãe por uma parte da exposição. Quando ela morreu, em 1986, levamos algumas caixas da casa dela, e achamos a carta do Rory Storm lá, que eu amo, porque eu não sabia que tinha algo assim. Há também cartas de Brian Epstein sobre um show importante: “Vista-se bem”. Fiquei encantado com algumas coisas que encontrei. A exposição vai viajar para outros lugares? Quando começamos, ela ia viajar. Tínhamos grandes ideias. Mas eu queria que fosse aqui. É o lugar natural para ela. Depois, vamos fechar e pensar de novo. Se você quer ver, é melhor vir até aqui. Há aulas em vídeo suas na exposição. Seu filho, Zak, se tornou um grande baterista de rock, tocando com The Who, Oasis e outros. É difícil passar algo assim adiante. Eu dei uma aula a ele. Algumas semanas depois, eu disse: “Vamos ouvir você tocar. Ah, isso é ótimo. Agora deixa eu te mostrar a próxima lição”. Ele falou: “Oh, eu consigo fazer isso, pai”. Ele tinha 10 anos. E aí pensei, “bem, agora é com você”. Ele encontrou o próprio estilo e é um baterista incrível. Mas foi difícil quando ele era adolescente [risos]. Foi estranho. E ele toca guitarra e piano muito bem. Ele é mais musical que eu. O irmão dele toca bateria também, em uma banda. Todos os filhos do papai tocaram bateria. O que você procura nas pessoas com quem toca? Com a All-Starr é um mistura, mas eu gosto porque tenho a chance de ser apenas o baterista, e toco músicas de outras pessoas. E então viro frontman – faço metade do show lá na frente, porque gosto da reação do público. Vamos nos juntar e fazer uma turnê pela América do Sul a partir de outubro, e terminar em Vegas. Você está trabalhando em novas músicas? Eu comecei o próximo disco. Tenho sete faixas bem básicas – é o que faço e é como fiz os últimos três discos. Eu faço bases com o sintetizador e então toco bateria em cima. “Isso é um verso, isso é um refrão.” É ótimo com a tecnologia moderna. As notas estão lá. Vamos colocar as guitarras e o baixo e, se tivermos sorte, uma grande seção de metais desta vez. Houve um momento específico no qual você percebeu que o interesse nos Beatles nunca iria acabar? Honestamente, tem dias que você gostaria que acabasse. Você vive com isso. Acabou há muito tempo. A música continuou, o que é o mais importante, porque a música é ótima. A gente não sabia que iria durar. Se você olhar para as fotos, John [Lennon] disse que iria durar quatro anos. Paul [McCartney] pensou que iria escrever, George [Harrison] iria abrir uma garagem, e eu achei que iria abrir um salão de cabeleireiros. Fazer um disco, fazer um single em vinil, cara, naqueles dias era simplesmente incrível, e então a gente estava tocando no rádio. Nós trabalhamos duro, mas sabíamos que ia tocar na BBC em tal hora. Nós parávamos e ouvíamos. Era ótimo. FONTE: UOL.

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