sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Tim Maia não era maluco, não rasgava dinheiro, diz Hyldon, lenda do black brasileiro
Autor de Na Rua, na Chuva, na Fazenda, disco que completa 40 anos em 2015, Hyldon relê o trabalho no Projeto Álbum, do Sesc Belenzinho, em São Paulo nesta sexta (9) e sábado. Lenda da música negra brasileira, o músico, que gravou clássicos do repertório de Tim Maia, não reconheceu o Síndico na cinebiografia que virou polêmica essa semana ao ser exibida pela TV Globo, entrecortada por vídeos e depoimentos.
“O Tim não era maluco, ele não rasgava dinheiro, ele era um cara compulsivo. Abusou de droga? Abusou, mas ele abusou de arte também”, argumenta o soulman. “O Tim não era aquele cara violento, que pegava em arma, batia em mulher. O Tim era um cara que ajudava todo mundo. Tem dois orfanatos que ele ajudava. Era um cara bom de coração. Todo ser humano tem suas qualidade e seus defeitos, mas no filme acho que realçaram muito isso, o lado ruim. E o Tim não foi assim igual ao filme que foi ficando maluco e ficou maluco. Ele tinha as fases que ele ficava doidão, mas tinha fase que ele produzia”, defende.
Na conversa, Hyldon falou do tempo em que se tornou um dos pilares da trilogia black brasileira ao lado, justamente, de Tim e de Cassiano, o segundo, autor de Primavera e outro hitmaker black. “Eu conheci o Tim, ele tinha gravado o primeiro disco, a gente ficou logo amigo e ele me chamou pra tocar com ele. Já no segundo disco dele, já tinha uma música minha e depois. Eu gravei em quase todos os discos do Tim, gravando com ele nos anos 70 e fui músico dele também, tocando contrabaixo. Eu tenho 11 anos de diferença do Tim e do Cassiano, então eu era tipo garoto prodígio”, recorda.
Ele relembra também que o Síndico era uma espécie de professor de soul e funk para a rapaziada mais nova. “O Tim, cara, ele era uma pessoa que valorizava muito o artista, o músico. O Tim era uma escola para todos os músicos que tocavam com ele, a concepção do som. Ele morou nos Estados Unidos, então ele trouxe informações de lá, ele teve grupo lá no Harlem. Ele apresentou um disco que foi fundamental, Diana Ross & The Supremes Join The Temptations. Porque naquele tempo, as informações demoravam pra chegar. Um disco saía nos Estados Unidos, demorava um ano pra chegar aqui no Brasil, nem vinha às vezes”, diz.
FONTE: UOL
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