segunda-feira, 2 de junho de 2014
O Brasil que enlouquece e gasta fortunas com festas privadas.
Instalado sobre os ombros de um amigo para melhor apreciar o show, o rapaz de 20 e poucos anos tira a gravata do pescoço e a amarra na testa. Do palco, Ivete Sangalo vê a cena e, no meio de uma música, aponta o jovem para a reportagem de VEJA, que estava nos bastidores. A cantora confirmava uma previsão feita horas antes, no camarim: “O que eu espero do público? É festa open bar, meu filho. Pode esperar gravatas na cabeça”. Passa das 2 da manhã, e a maioria das 9 000 pessoas presentes a um pavilhão de eventos em São Paulo está bem soltinha. “Quem ainda não beijou na boca?”, pergunta Ivete. Um mar de mãos se ergue. A baiana escolhe, ao acaso, um garoto de um lado do salão e uma moça do canto oposto — e é só o tempo de os dois se deslocarem um em direção ao outro, em meio à multidão, para que o beijo pedido pela cantora aconteça. “A-ce-le-ra-aê”, começa a canção, e o show segue. A festa de formatura de direito da PUC de São Paulo, ocorrida há dois meses, superlativa até para os padrões cada vez mais exigentes de faculdades particulares da cidade: o custo total foi de 2,8 milhões de reais, orçamento inédito para uma cerimônia de graduação. Cada um dos 410 formandos (ou provavelmente seus pais) desembolsou 3 800 reais, e ainda foram vendidos 3 900 ingressos. O objetivo era fazer frente à competição informal que se instaurou entre as diversas instituições da cidade, cada uma querendo ter uma festa mais cara e badalada do que a da outra. Os estudantes exigiam bebida (“A festa dos sonhos precisa ser diferente das outras e com a vodca mais cara”, diz um membro da comissão organizadora) e um artista de peso (“Tinha de ser o mais top” — assim mesmo, com pleonasmo). Como muitos artistas brasileiros, Ivete Sangalo já tinha experiência em festas e congressos promovidos por grandes empresas, mas aquela foi sua estreia numa formatura. O show da cantora em eventos fechados pode chegar a 750 000 reais, mas, para os novos advogados, ela fez um preço camarada: 500 000 reais por uma apresentação de 100 minutos. “Formatura virou um grande negócio”, diz a baiana.
FONTE: VEJA.COM
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