sexta-feira, 24 de abril de 2015
Rafael Lima mostra parceria com paraenses em álbum
“Tem muitos instrumentos lá fora, mas o som da mata pra lá é mais difícil de reproduzir”, diz Rafael Lima sobre o som recriado pelo percussionista Zé Macedo para seu primeiro disco gravado no Brasil, intitulado “Nômade”. Residindo na Suíça, o músico aproveitou o estúdio paraense de Na Figueiredo para registrar, além de 12 canções inéditas, a parceria e talento de quem admira na sua terra natal e, como ele próprio afirma, “não pode colocar na mala e levar para o exterior”.
Assim temos, em único disco, músicos como Luiz Pardal, a tocar violino, Marcos Cardoso e seus saxofones, o trompete de Thel Silva, Maurício Brito no trombone, Lenilson Albuquerque nos teclados, Ricardo Aquino no vibrafone, Arythanan na percussão, Eduardo Costa e Eduardo Penna dividindo a bateria e as flautas de Itailan Pinheiro. O percussionista Zé Macedo, já citado, reproduz o som que encantou Rafael Lima através de objetos simples, por ele transformados em instrumentos musicais, como as “latas”, de onde consegue tirar os sons de água tão característicos da Amazônia.
Uma construção tão complexa levou cerca de 10 anos até ficar pronta. “Esse foi um disco que comecei com algumas canções, em 2006, e há uns quatro anos ele acabou se transformando no projeto para ser meu primeiro disco gravado no Brasil, a convite do Na”, conta o músico, que assina letra e música de todas as faixas, exceto “Mestiça”, cuja letra é de Juçara Abe, filha do compositor. “Ela me deu a letra e a liberdade de musicar, então fiz um reggae com a cara dela, pois sei que é um ritmo que ela gosta”, comenta Rafael.
Abe ainda empresta sua voz em “Cantinela”, cantando uma oitava bem acima, contrapondo-se ao baixo tocado por Mauro Martins e a voz do pai. A faixa em que os sons da mata surpreendem é “Manauara”. E em “Voo do Cantador”, a poesia de Antônio Juraci Siqueira transforma-se em melodia para homenagear o cantor Rui Baldez. “A única que eu digo que não é inédita é ‘Verde Maravilha’, de autoria do Albery Albuquerque, uma música que cantei com minha primeira banda de Belém, a Sol do Meio-Dia, mas que nunca tinha gravado”, diz Rafael.
O CD tem ainda músicas como a romântica “Ferina”, feita de efeitos, violoncelo e um bom piano; “Andares”, que carrega as andanças de Rafael pelo mundo; e “Não Basta Dizer Não!”, gravada na Suíça, mas com os pensamentos voltados para o Pará, que passava pelo plebiscito que decidiria pela divisão ou não do estado. “Suas políticas, suas tralhas... Já não basta dizer não”, canta Rafael Lima ao som de vozes e percussões indígenas simuladas pelo baterista e produtor Stanley Maumary.
A faixa que encerra o disco é “Sonho Cabano” e nasceu de uma viagem do músico pelo sul do Pará, que o levou até uma ocupação do Movimento dos Sem Terra (MST). “Eu fiz esta música em uma van, voltando de Eudorado dos Carajás com aquilo ainda forte na minha cabeça. Falando do Araguaia, da grande quantidade de sangue derramado naquela região”, lembra. O disco, cheio de particularidades, é ainda “um disco de baixistas”, diz Rafael, pois conta também com MgCalibre, Príamo Brandão, Adelbert Carneiro e Mauro Martins, tendo cada um colaborado em diversas faixas de “Nômade”.
O novo CD chegará às mãos dos paraenses em dois shows: um amanhã e o próximo para o dia 7 de maio, ambos no Sesc Boulevard, antes de seguir rumo ao sudeste brasileiro e o sul do Pará.
FONTE: DIÁRIO DO PARÁ
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