terça-feira, 28 de abril de 2015

Um sarau multicultural em São Brás

Um importante patrimônio histórico e arquitetônico da capital paraense, o Mercado de São Brás, é outro espaço em Belém que foi tomado pela cultura. Saraus são organizados, batalhas de MCs, encontro de malabaristas, além de quadrilhas que geralmente se apropriam do espaço para ensaios e apresentações. O espaço já tem uma tradição de ocupação cultural. O que os artistas que frequentam o mercado desejam são mais oportunidades de integração. “O Sarau Multicultural do Mercado surgiu em novembro de 2013 e é uma ocupação cutural composta por poetas, músicos e artistas de vários segmentos. A gente se organiza, monta um set básico e convida além dos artistas e da comunidade para participar. A programação eventualmente inclui telões para exibição de curtas-metragens e a proposta é essa mesmo, que vários segmentos culturais utilizem o espaço público”, explica Jorge André Silva, agente cultural, poeta e organizador do sarau. Ele acredita que as apresentações devem ser feitas para a comunidade do entorno do mercado e por isso investe em divulgação em rádios comunitárias e de feiras para convidar os trabalhadores de São Brás, estudantes das escolas dos arredores e público frequentador do espaço. “Queremos que a comunidade vivencie sua própria arte e, para nós, é uma vitória quando, além da realização do evento, conseguimos trazer artistas locais para participar”, completa Jorge. A iniciativa acontece tradicionalmente na primeira quinta-feira de cada mês, mas em maio terá uma programação especial no dia 9, convidando os muitos atores que transitam nesse espaço. “Vamos promover um encontro dos movimentos de resistência que lutam para que o local se torne um espaço cultural, como a galera da batucada, a batalha de MCs, movimento street dance, o basquete de rua, o coletivo de quadrilheiros que ensaiam na área do mercado, os malabares que fazem seu encontro no mercado todas as segundas-feiras, enfim, reunir toda essa sopa cultural para sensibilizar a todos e fazer com que as atividades culturais deixem de ser alienígenas nesse espaço. Hoje, a atividade é vista como invasora e só podemos utilizar a calçada de forma precária. A visão que nós temos e defendemos é que o mercado é um gigantesco complexo e que pode se tornar um centro de referência de cultura paraense, que hoje nós ainda não temos. Tudo isso sem modificar a utilização social do mercado”, acredita Jorge. O movimento de artistas acredita que a ocupação, de forma organizada, promoveria uma ascenção do espaço e poderia congregar ainda mais vertentes culturais. “A cultura não expulsa a vida econômica, eles podem conviver harmoniosamente, se complementando e dando força um para o outro. O centro cultural certamente geraria atrativos em termo de público e os próprios comerciantes seriam fortalecidos, com a vinda de mais clientes. A mudança começa com a conscientização dos públicos, artistas e comerciantes e deve se dar de modo que, a longo prazo, não seja abalada por mudança de gestão de governo”, espera Jorge. HISTÓRICO O espaço é lindo e revela a riqueza material e cultural colhida na época do Ciclo da Borracha, com construção iniciada em 1910 e concluída em 1911. Ele foi construído em função da grande movimentação comercial gerada pela ferrovia Belém-Bragança. O trânsito intenso de passageiros tornou São Brás atrativo para a comercialização de produtos. O mercado foi projetado pelo arquiteto italiano Filinto Santoro, com estrutura construída em ferro e mescla de elementos do art nouveau e neoclássico, também para ampliar o abastecimento da cidade, que até então ficava concentrado apenas no Mercado do Ver-o-Peso. FONTE: DIÁRIO DO PARÁ

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