quinta-feira, 4 de junho de 2015
Renato Russo é protagonista no livro de memórias de Dado Villa-Lobos
Foi em um campo de futebol que Dado Villa-Lobos, guitarrista que integrou a Legião Urbana, tomou a decisão de narrar as suas memórias. Em uma breve discussão sobre qual time deveria fazer um arremesso lateral, descobriu que um jogador da equipe adversária era fã de sua antiga banda. Foi a partir desse jogo que ele começou a conversar com o historiador Felipe Demier para que transformassem em livro as suas lembranças. Logo Romulo Mattos, outro historiador, juntou-se à empreitada. Dessa forma, os três aparecem como autores na capa de "Dado Villa-Lobos – Memórias de um Legionário".
"Eles trouxeram toda a apuração histórica e cronológica dos fatos, foram atrás de dados importantes e específicos de cada situação, verificaram toda a documentação desses últimos 30 anos, buscaram em jornais, publicações, revistas, no acervo da Fernanda, minha mulher...", conta Dado por telefone ao UOL. Entre 2012 e 2013, o guitarrista se reuniu diversas vezes com Demier e Mattos para lhes contar o que se lembrava de sua história, principalmente da vivida com a Legião.
Coube a Dado dar a cara final à obra. A principal ideia era apresentar um novo enfoque para a já conhecida história da Legião, mostrando uma "visão interna da banda, da dinâmica do grupo". Com isso, apesar de o livro conter poucas passagens inéditas –muito já foi registrado em outras obras sobre Renato Russo, a própria Legião ou o rock nacional--, tem seu valor pelos detalhes, sensações, opiniões (a respeito dos álbuns da banda, principalmente) e pela visão que apenas um dos protagonistas da história do maior grupo de rock do Brasil poderia evidenciar.
Um desses momentos, por exemplo, mostra os bastidores da gravação de "A Era dos Halley", especial da Globo que foi ao ar em 1985, na ocasião da passagem do cometa Halley. Na ocasião, os integrantes da Legião apresentaram "A Canção do Senhor da Guerra" em figurinos bizarros --Renato Russo estava de capa, espada, capacete e óculos, enquanto Renato Rocha, o Negrete, baixista dos primeiros três álbuns do grupo, usava um capacete de chifres. "Essa banda teve poucos momentos divertidos, e esse foi um deles", registra o livro.
Há outros momentos de diversão, principalmente quando Dado fala de sua juventude, das produções em estúdio e das relações amistosas que os colegas de banda nutriam quando não estavam trabalhando. As memórias relacionadas à Legião, no entanto, são marcadas sobretudo pela tensão, principalmente por conta do humor instável, da saúde frágil e dos problemas com drogas de seu líder. "Era uma realização plena, mas tem muitas questões tristes", lembra o músico.
Renato Russo, aliás, toma proporções enormes no livro. Em certo momento, a impressão é que lemos as lembranças de Dado relacionadas estritamente a Renato, tamanho o protagonismo que o vocalista e compositor assume, apesar de o livro revelar as experiências de seu parceiro musical. "Ele é quase que o protagonista da história. Ali tem as memórias do legionário, e o Renato tem essa força, tanto que agora é mitificado. Ele foi o cara que realmente mexeu com a turma em Brasília de forma muito forte e intensa", assume Dado.
Contudo, enquanto a banda existia, o guitarrista garante que os integrantes não imaginavam que tanto Renato quanto a Legião tomariam as proporções que tomaram. "Estávamos juntos, alimentando essa entidade que era a Legião, mas não parecia que o Renato era um mito. A gente se encontrava domingo no cachorro quente, contava piada e jogava Imagem & Ação. O próprio Renato lutava contra essa mitificação. Éramos só mais uma banda de rock no cenário", diz. Mas o tempo mostrou que a Legião Urbana não era "só mais uma banda".
FONTE: UOL
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